terça-feira, 1 de novembro de 2011

LINHAGEM



Eu sou descendente de Zumbi
Zumbi é meu pai e meu guia
Me envia mensagens do orum
Meus dentes brilham na noite escura
Afiados como o agadá de Ogum
Eu sou descendente de Zumbi
Sou bravo valente sou nobre
Os gritos aflitos do negro
Os gritos aflitos do pobre
Os gritos aflitos de todos
Os povos sofridos do mundo
No meu peito desabrocham
Em força em revolta
Me empurram pra luta me comovem
Eu sou descendente de Zumbi
Zumbi é meu pai e meu guia
Eu trago quilombos e vozes bravias dentro de mim
Eu trago os duros punhos cerrados
Cerrados como rochas
Floridos como jardins


Comentário: No poema "Linhagem" (acima), através do verso "Eu sou descendente de Zumbi", o poeta evoca uma ancestralidade que tem a ver com a trajetória de batalhas dos afro-descendentes no Brasil. Uma trajetória cujas raízes remontam a Palmares e ao guerreiro que melhor simbolizou a trajetória do quilombo, e que atualmente consta do panteão oficial dos heróis brasileiros.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Linhagem

 LINHAGEM

Eu sou descendente de Zumbi
Zumbi é meu pai e meu guia
Me envia mensagens do orum
Meus dentes brilham na noite escura
Afiados como o agadá de Ogum
Eu sou descendente de Zumbi
Sou bravo valente sou nobre
Os gritos aflitos do negro
Os gritos aflitos do pobre
Os gritos aflitos de todos
Os povos sofridos do mundo
No meu peito desabrocham
Em força em revolta
Me empurram pra luta me comovem
Eu sou descendente de Zumbi
Zumbi é meu pai e meu guia
Eu trago quilombos e vozes bravias dentro de mim
Eu trago os duros punhos cerrados
Cerrados como rochas
Floridos como jardins


Comentário: No poema "Linhagem", o poeta evoca uma ancestralidade que tem a ver com a trajetória de batalhas dos afro-descendentes no Brasil. 
Situa-se na esfera de um ser envolvido comum a religiosidade tradicional africana. E confessa que as suas características advêm de sua origem e dela resulta uma espécie de missão que ele temde cumprir.

Por:. Rebeca Maia

Cadernos Negros e melhores poemas com a sua historia

O livro Cadernos Negros e Melhores Poemas traz textos escolhidos dos dezenove primeiros volumes da série. Os poemas têm raízes ancestrais e desenvolvem a reflexão poética sobre a vida e a cultura dos afro-brasileiros, deixando o livre-pensador em posição de vôo. A poesia contida nesta obra aloja-se em nossa alma, em nossos desejos.

Os textos mostram uma fase especialmente interessante da poesia: sua dimensão social e histórica, a qual é expressa pela abordagem que se faz da verdadeira história dos afro-brasileiros, uma história extraída dos subterrâneos da memória.

Os poetas também mergulham em vários temas, como a fome, o feminismo, a violência urbana, a batalha das classes excluídas e o preconceito racial contido nas relações humanas do dia-a-dia. Mas é, sobretudo, na mobilização das energias voltadas para a celebração da vida, para a exaltação da continuidade de lutas, sonhos, esperanças e amores, é aí que se encontra a força dos poemas, com seus versos polirrítmicos, com sua variadas formas, com sua musicalidade herdada de tradições africanas.

Cadernos Negros - Linhagem (Carlos Assumpcão)

        Eu sou descendente de zumbi
        Zumbi é o meu pai e meu guia
        Me envia mensagens do orum
        Meus dentes brilham na noite escura
        Afiados como o ogadá de ogum  
        Eu sou descendente de zumbi
        Sou bravo valente sou nobre
        Os gritos aflitos do negro
        Os gritos aflitos do pobre
        Os gritos aflitos de todos
        Os povos sofridos do mundo
       No meu peito desabrocham
       Em força em revolta
       Me empuram para luta me comovem 
       Eu sou descendente de zumbi
      Zumbi é meu pai e meu guia
      Eu trago quilombos e vozes bravias dentro de mim
      Eu trago os duros punhos cerrados
      Cerrados como rochas
      Floridos como jardins

           Obs: Nesse poema Linhagem o verso ele comentar sobre o descendente zumbi  que é considerado um dos grandes lideres de nossas historia . Simbolos da resistencia e luta contra a escravidão uma tragetoria cuja de descendente e suas raizes remotam a palmares a guerreiro que melhor mais simbolizou a tragétoria do quilombo .

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

TEIMOSA PRESENÇA

LEPÊ CORREIA

TEIMOSA PRESENÇA

Eu continuo acreditando na luta
Não abro mão do meu falar onde quero
Não me calo ao insulto de ninguém
Eu sou um ser, uma pessoa como todos
Não sou um bicho, um caso raro
ou coisa estranha
Sou a resposta, a controvérsia, a dedução
A porta aberta onde entram discussões
Sou a serpente venenosa: bote pronto

Eu sou a luta, sou a fala, o bate-pronto
Eu sou o chute na canela do safado
Eu sou um negro pelas ruas do país.


Neste poema o eu-lírico relata a sua luta e jornada cotidiana, mostrando que corre atras dos seus ideais, ultrapassa obstáculos sem perder a essência racional,discutindo fatos, buscando um melhor tratamento da sociedade para com o negro.

Por Caroline Galvão.

Historico "Cadernos Negros - Os melhores poemas"

Em 1978 surgiu o primeiro volume da serie "Cadernos Negros" era bem pequeno, Apresentava apenas 52 páginas com poemas de 8 poetas que dividiram os custos do livro entre si.O livro agradou a quem o leu, Desde então é lançado um volume por ano. Em 1998 já então reduzido a três componentes, Esmeralda, Márcio e Sonia, o Quilombhoje publicou três livros: Cadernos Negros - os melhores poemas, Cadernos Negros - os melhores contos e Frente Negra Brasileira (depoimentos), de Márcio Barbosa. Cadernos Negros – Os Melhores Poemas que contém poemas dos 19 volumes anteriores, têm raízes ancestrais e desenvolvem a reflexão poética sobre a vida e a cultura dos afro-brasileiros.Destacam-se escritores como Geni Guimarães, Carlos de Assumpção, Arnaldo Xavier, Oliveira Silveira, José Carlos Limeira, Paulo Colina, Abelardo Rodrigues, Jônatas Conceição da Silva, Roseli Nascimento, Conceição Evaristo, Ramatis Jacino, Lepê Correia, Landê Onawale e tantos outros.

Batuque


  ''Batuque'
(Dança afro- titense)
"Tenho um tambor Tenho um tambor Tenho um tambor
Tenho um tambor Dentro do peito Tenho um tambor
E todo enfeitado de fitas Vermelhas pretas  amarelas e brancas
Tambor que bate
Batuque batuque bate
Tambor que bate
Que evoca bravuras de nossos avós
lamborquebate Batuque batuque bate Tambor que bate Batuque batuque bate tambor
que bate toque de reunir Todos os irmãos
De todas as cores Sem distinção..."

O poema acima retrata um dos mais belos poemas chamado de “Batuque” escrito por Carlos De Assumpção.
Visando mostrar os sentimentos de um negro o autor compara o tambor que é diversas vezes citado, com o coração cheio de vontades de viver livre. Mostra também em pequenos versos como a tradição das cores e das suas culturas está apregoado em volta desse enorme sentimento.
Esse sentir existente demonstra com bastante clareza o quanto eles são fortes lutadores que desde o inicio travarão diversas guerras não baixando a guarda de modo algum, jamais desistindo de sonhar.
Pode-se também destacar que o desejo deles era que todos vivessem em união, respeitado cada raça igualmente, sem nenhum tipo de preferência que inferiorizasse e preconcetue o seu próximo deixando constrangido.
Tinham eles sofrido diversas vezes apanhado, chicoteado, zombado e enfim escravizada por algumas pessoas que achavam superiores, mas ainda assim em meio a tanta dor, um sentimento habitava dentro deles, sentimento esse tão puro que poucos os têm o privilegio de senti-lo verdadeiramente, que os rodeavam junto a outros sentimentos, porém o principal deles e o amor.

Eu-Mulher ( Conceição Evaristo )

EU-MULHER (Conceição Evaristo)

Uma gota de leite
me escorre entre os seios.
Uma mancha de sangue
me enfeita entre as pernas
Meia palavra mordida
me foge da boca.
Vagos desejos insinuam esperanças.
Eu-mulher em rios vermelhos
inauguro a vida.
Em baixa voz
violento os tímpanos do mundo.
Antevejo.
Antecipo.
Antes-vivo
Antes - agora - o que há de vir.
Eu fêmea-matriz.
Eu força-motriz.
Eu-mulher
abrigo da semente
moto-contínuo
do mundo.



Comentário: Conceição Evaristo, neste poema, exibe um corpo de mulher talhado por significantes que dizem da função geratriz inscrita no corpo da mulher: Eu-mulher em rios vermelhos / Inauguro a vida / Em baixa voz / Violento os tímpanos do mundo. / Antevejo. / Antecipo. / Antes-vivo / Antes agora o que há de vir. / Eu fêmea-matriz. / Eu força-motriz./ Eu-mulher / abrigo da semente / moto-contínuo / do mundo.

NO REGRESSO


"No dia em que retornares
provavelmente me encontrarás
entre a pia e o fogão.
Antes que tua boca te anuncie, procurarei retirar a gordura densa nas banheiras anunciadas na tevê.
Usarei o xampu que dará
mobilidade aos meus cabelos
farei teatro em tua presença.
Te convencerei de que minha disposição é a mesma, te envolverei de tal forma... Farei morrer de inveja a melhor das atrizes.
Carregarei de ternura o teu coração
quero que me embales!
Deixarei deitares teus lábios nos meus grossos e banhados em veneno doce
farei com que bebas através deles minha alma
e que nos consumamos os dois
Te carregarei para o inferno
em que minha vida transformaste."


Comentário:


No poema “No Regresso” existe uma síntese que me faz pensar em um momento de espera fantástico de uma mulher apaixonada por um homem que tudo que ela sabe e que ele talvez vá voltar, e por isso sua vida é um inferno de esperança feliz no qual ela se prepara todos os dias para esse regresso triunfante de seu amado onde ela descreve uma mistura de sensações de desejo carnal e doçura sem perder com o tempo todo sentimento que ela tem desde o inicio por ele, quando ela diz: “Te convencerei de que minha disposição é a mesma”. Outra ideia que o poema traz é como se o leitor estivesse dentro da historia e faz imaginar fatos em questões abertas como “te envolverei de tal forma...” onde o eu lírico nos possibilita imaginar as formas de como ele reagiria detro do contexto poetico.


Erica Larissa



Teimosa Presença

Eu continuo acreditando na luta
Não abro mão do meu falar onde quero
Não me calo ao insulto de ninguém
Eu sou um ser, uma pessoa como todos
Não sou bicho, um caso raro
ou coisa entranha
Sou a resposta, a controvérsia, a dedução
A porta aberta onde entram discussões
Sou a serpente venenosa: bote pronto
Eu sou a luta, sou a fala, o bate-pronto
Eu sou o chute na canela do safado
Eu sou um negro pelas ruas do país.

Lepê Correia

O poema Teimosa presença o eu- lirico ressalta a luta do negro no dia a dia, mostra que o racismo ainda não acabou, mas que devemos continuar lutando para acabar com ele, não abaixar a cabeça com palavras ditas, nem ficar escondidos em situações constrangedoras e sim continuar nos esforçando com todas as nossas forças para conseguir o nosso lugar na sociedade.O poema é um bom meio de motivação, principalmente para os negros que já estão desmotivados por diversas situações da vida.Quando li o poema TEIMOSA PRESENÇA senti uma motivação muito grande. O poema traz de volta as nossas raízes nos fazendo perceber que a luta contra o racismo, a escravidão e diversas outras injustiças contra o negro ainda não acabaram e temos que continuar lutando para mudar isso, Que vão surgir vários obstáculos pela nossa caminhada mas como guerreiros negros antes do nós devemos contorna-los e continuar seguindo em frente, Pois a guerra só acaba quando não existirem mais Brancos nem Negros e sim a Raça Humana como um todo.

teimosa presença

TEIMOSA PRESENÇA
Eu continuo acreditando na luta
Não abro mão do meu falar onde quero
Não me calo ao insulto de ninguém
 Eu sou um ser, uma pessoa como todos.
Não sou um bicho, um caso raro ou coisa estranha
Sou a resposta, a controvérsia, a dedução
A porta aberta onde entram discussões
Sou a serpente venenosa: bote pronto
Eu sou a luta, sou a fala, o bate-pronto
Eu sou o chute na canela do safado
Eu sou um negro pelas ruas do país.

Obs: que o negro escravo acredita na sua liberdade e segue na luta. Quando ele se fala : “Eu sou o chute na canela do safado” parece que ele fala do descriminalizador ,
Além disso, o (sub) mundo ocupado pelo negro são “as ruas do país” - aliás país erguido com a disposição compulsória de braços e ventres africanos

MNU

Eu sei:
" - havia uma faca
atravessando os olhos gordos em esperanças havia um ferro em brasa tostando as costas retendo as lutas
havia mordaças pesadas
esparadrapando as ordens das palavras"
Eu sei: Surgiu um grito na multidão
um estalo seco de revolta
Surgiu outro outro e
outros
aos poucos, amotinamos exigências querendo o resgate sobre nossa forçada miséria secular.
(Miriam Alves)


Comentário:
É uma poesia de caráter político-ideológico, em que se realça a importância da mobilização coletiva da sociedade para conquistar a emancipação dos escravos negros e oprimidos do século XIX.  Onde o eu-lírico expressa na poesia o sofrimento dos negros escravizados e oprimidos, principalmente na passagem: "... havia um ferro em brasa tostando as costas retendo as lutas..." e a mobilização nos três últimos versos: "...Surgiu outro outro e
outros
aos poucos, amotinamos exigências querendo o resgate sobre nossa forçada miséria secular.".
 (Referência: UFBA VESTIBULAR 2012-2013 - Estudo Completo das Obras Literárias; Copyrigth © 2011, Anya Moura / Renato Dórea /  Zé Carlos Bastos)

LINHAGEM (Carlos Assumpção)

Eu sou descendente de Zumbi
Zumbi é meu pai e meu guia
Me envia mensagens do orum
Meus dentes brilham na noite escura
Afiados como o agadá de Ogum
Eu sou descendente de Zumbi
Sou bravo valente sou nobre
Os gritos aflitos do negro
Os gritos aflitos do pobre
Os gritos aflitos de todos
Os povos sofridos do mundo
No meu peito desabrocham
Em força em revolta
Me empurram pra luta me comovem
Eu sou descendente de Zumbi
Zumbi é meu pai e meu guia
Eu trago quilombos e vozes bravias dentro de mim
Eu trago os duros punhos cerrados
Cerrados como rochas
Floridos como jardins

Cadernos negros-Melhores poemas

É tempo de mulher
a mulher ainda desespera
à espera do primeiro beijo
úmido de sim
e permissão de macho
a mulher no entanto conspira
na sua ira secular de silência
em sua iilha de nãos
e arremessos
exercitando batalhões oníricos

o relógio com suas obrigações e rugas
questiona eros
homo
o útero e seu mistério
sapato de salto
batom
rouge
e este inadiável instante etéreo
de saltar
     para
            dentro
                      de
                        si
......................................................
na conquista do espaço além da moda

é tempo de mulher
é tempo de colher
orgasmos reais de mulheridade

o casamento se cale
até que a aliberdade o repare
o macho relaxe
ao primeiro beijo
 e o fêmeo desejo
intumesça a chama
e abra o céu ao meio.
Trecho do livro Cadernos Negros-Melhores poemas


Esse poema fala sobre a busca de espaço da mulher além da moda  num mundo totalmemente masculino.
Tanta busca por igualdade de direito a mulher alcança seu objetivo fazer trabalhos considerados masculinos e muito melhor que os próprios homens,tudo isso de salto alto e batom rouge.
Com o tempo ela percebe que não é só da independência que se faz uma mulher mais sim dos filhos e marido.
No final de tudo ela só deseja uma coisa um primeiro beijo,orgasmos reais de mlheridade e ser amada.

Por: Jéssica Santana
   

Dúvida


DÚVIDA
Se a margarida flor é branca de fato qual a cor da Margarida que varre o asfalto?

    Este pequeno poema há uma icognita, qual seria a cor da margarida que varre o chão?  esta pergunta é direcionada a todas as  pessoas que pessistem em colocar sempre a pessoa branca como a mais bela e desvalorizar o negro. Este pequeno verso narra a realidade de todos os negros. Ainda que se passe a imagem de que todos são iguais ainda há vestigios de racismo em uma boa parte da população atual.


Rebeca Lorena Valença Gomes.
OSWALDO DE CAMARGO
EM MAIO
Já não há mais razão de chamar as lembranças
e mostrá-las ao povo
em maio.
Em maio sopram ventos desatados
por mãos de mando, turvam o sentido
do que sonhamos.
Em maio uma tal senhora liberdade se alvoroça,
e desce às praças das bocas entreabertas
e começa:
"Outrora, nas senzalas, os senhores... "
Mas a liberdade que desce à praça
nos meados de maio
pedindo rumores,
é uma senhora esquálida, seca, desvalida
e nada sabe de nossa vida.
A liberdade que sei é uma menina sem jeito,
vem montada no ombro dos moleques
e se esconde
no peito, em fogo, dos que jamais irão
à praça.
Na praça estão os fracos, os velhos, os decadentes
e seu grito: "Ó bendita Liberdade!"
E ela sorri e se orgulha, de verdade,
do muito que tem feito!


     Este poema ,"Em maio" de Oswaldo de Camargo  descreve a epóca da abolição da escravatura ocorrida em 13 de maio de               , assinada pela Princesa Isabel. Neste poema percebe-se  que o eu lírico é negro então temos uma visão mais realista da epóca abolicionista, a liberdade neste poema não é tratada como apenas uma conquista dos negros, o poema nos mostra que a liberdade deveria ser algo bom para eles mas foi ''uma senhora esquálida, seca, desvalida e nada sabe de nossa vida.''  e logo nos ultimos versos do poema ela diz que ela se orgulha e sorrir mas de nada valia essa liberdade se ainda havia o preconceito

    Rebeca lorena Valença GOmes.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Versão

"  Negro  é o amor onde habito silente
a cor talhada na dor da senzala
resumo de vida em ferro e carvão
Negro é amor forjado no tempo
pretume piche azeviche
tição aceso na tez
do instinto de luta o peito é abrigo
o riso é fluênte de um novo começo " .......

                                                           (autor : Márcio Barbosa ,  Trecho do poema " Versão "  )
 Comentário  :

    Nesse poema o eu lírico espressa a dor , o sofrimento , despreso , preconceito  sofrido pelos negros , e no final de tudo isso tendo  ainda  tendo esperança de que será um dia respeitado e admirado como pessoa .
   

Dançando Negro

" Quando eu danço 
atabaques  excitados ,
o meu corpo se esvaiando
em desejos de espaço,
a minha pele negra 
dominando o cosmo ,
envolvendo o infinito , o som
criando outros extases .....
Não sou festa para teus olhos 
de branco diante de um show !
Quando eu danço há enfusão dos elementos ,diluem - se na cachaça
mas,pouco a pouco ..... "


                                ( Autor  :Luiz  Carlos Amaral  Gomes  , Éle Semog  , poema " Dançando Negro " )

Sobre    Éle Semog   :
                    Nascido no   Estado do Rio de Janeiro , em 1952  , ele se formou em   Análise   de Sistemas e  se especializou  em Administração de Empresas . Ele também   exerceu entre 1989 e 1996, a  presidência  do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas.Fundou no ano de 1984 o Grupo Negrícia , Poesia e Arte de Criolo ,ele também   foi  Cofundador do Jornal Maioria Falante , onde  atuou  até o final do ano  de 1991. Atualmente ele é assessor do Senador Abdias Nascimento e Conselheiro Executivo do Instituto Palmares de Direitos  Humanos .

Comentário :

         Nesse   poema  nos faz perceber que  estar se referindo  á  um  escravo negro , onde o eu lírico  espressa  a dor de  ser  negro  , e que pelo  fato de ser Negro  não ser bem visto  pelos  brancos , fazendo uma comparação com a sociedade em que  vivemos  atualmente  esse poema retrata  o preconceito existente  contra os descendentes  de escravos  negros  .

                                                                                                
                                                                                             ass: Indiamara Silva

                                                 



OUTRA NEGA FULO
O sinhô foi açoitar a outra nega Fulo
— ou será que era a mesma?
A nega tirou a saia, a blusa e se pelou.
O sinhô ficou tarado, largou o relho e se engraçou. A nega em vez de deitar pegou um pau e sampou nas guampas do sinhô.
— Essa nega Fulo!
Esta nossa Fulo!,
dizia intimamente satisfeito
o velho pai João
pra escândalo do bom Jorge de Lima,
seminegro e cristão.
E a mãe-preta chegou bem cretina
fingindo uma dor no coração.
— Fulo! Fulo! Ó Fulo! A sinhá burra e besta perguntou onde é que tava o sinhô que o diabo lhe mandou.
— Ah, foi você que matou!
— É sim, fui eu que matou — disse bem longe a Fulo,
Pro seu nego, que levou
Ela pro mato, e com ele
Sí sim ela deixou.
Essa nega Fulô!
Esta nossa Fulô!


Comentário: No meu ver percebo que esse poema ira trata de uma historia de um negra , cuja nos primeiros versos conta a história de uma personagem e depois nos outros versos vejo que o eu lirico  fará um questionamento  '' ou será era a mesma?' , assim ficará mais fácil descrever a historia .
 Quando o seu eu lirico  faz esse questionamento ele quer fazer um identidade negra para que seus leitores saibam fazer uma forma mais critica do seu poema e assim os seus leitores poderá descrever o poema com um olha mais crítico sobre o poema, pois ele conta a história de uma negra que não deixa ser violentada pelo o seu senhor, ao contrario ela vai se defende de e vai sai .





EU-MULHER (Conceição Evaristo)

Uma gota de leite
me escorre entre os seios.
Uma mancha de sangue
me enfeita entre as pernas
Meia palavra mordida
me foge da boca.
Vagos desejos insinuam esperanças.
Eu-mulher em rios vermelhos
inauguro a vida.
Em baixa voz
violento os tímpanos do mundo.
Antevejo.
Antecipo.
Antes-vivo
Antes - agora - o que há de vir.
Eu fêmea-matriz.
Eu força-motriz.
Eu-mulher
abrigo da semente
moto-contínuo
do mundo.


O livro os Melhores poemas em geral traz a vivência afro sendo escritos por poetas negros que expressam nos poemas: sensualidade, sentimentos, raça...
Nos poemas as mulheres também falam como é o exemplo desse “EU MULHER” estão falando de suas angústias, suas belezas, expressando sensualidade.


Por: Luana Silva.

Menino BR


MENINO BR
Dentes de Brasil, orelhas de abril ,olhos d'águas claras, peito juvenil, cabelo pixaim, dono do amendoim
Menino pró que der, pivete pró que vier 
destino que o mundo fez
Nos olhos, ilusão, nos pés,uma canção nas mãos, uma aflição (pronta pra uma solução)
Traído no arranha-céu
culpado da solidão
Lua de zinco, prato de alcatrão!
 (Jorge Siqueira)
  Comentarios:
o pema fala sobre um menino o qual se referem como um menino muito feio que vive nas ruas(mas precisamente nas estradas,na BR) tendo uma vida dificil, no caso vendendo amendoim e topando qualquer coisa para sobreviver.Esse poema reflete um pouco sobre a vida de muitas crianças que levam a vida da pior forma possivel.

Por:Dominique Ferreira

O VENTO

O vento
disperso-me por aí
feito brisa
depois
me rejunto e chego como ventania
derrubo coisas
varro a casa
safadamente
devasso a monotonia
talvez eu seja um vento mau
talvez injusto
pra quem tinha olhos postos no horizonte
a procurar por mim
não me desespero
e não quer
                                                                           por : ÉLE SEMOG

O que sinto ao lê-lo? sinto que o vento as vezes é leve, sem fazer estragos, puro simples apenas como brisa ele é agradavel.Mas quando as brisas se "juntam" elas se tornam ventanias que são as tempestades, essas causam estragos são devastadoras, destroem lares, tiram vidas, separam vidas. Ainda assim o vento gosta de ser ventania, mesmo sendo julgado como injusto. Ele vai sendo injusto, cruel mas sempre sendo assim e gostando de ser.Mas também tem pessoas que se parese com o vento alguem que passa por varias situaçoes,  passa por cima de tudo para alcançar algo e nao desiste de ser assim, de estar sempre lutando. No inicio sou fraca, depois fico forte, luto e alcanço o almejado.

Negritude

NEGRITUDE
Para Jorge Henrique Gomes da Silva
De mim
parte um canto guerreiro
um voo rasante, talvez rumo norte
caminho trilhado da cana-de-açúcar
ao trigo crescido, pingado de sangue
do corte do açoite. Suor escorrido
da briga do dia
que os ventos do sul e o tempo distante não podem ocultar.
De mim
parte um abraço feroz
um corpo tomado no verde do campo
beijado no negro da boca da noite
amado na relva, gemido contido
calado na entranha
oculto do medo da luz do luar.
De mim
parte uma fera voraz
(com sede, com fome)
de garras de tigre
pisar de elefante correndo nas veias
je fogo queimando vermelho nas matas Frugir de leões bailando no ar.
De mim
parte de um pedaço de terra semente de vida com gosto de mel criança parida com cheiro de luta com jeito de
briga na areia da praia de pele retinta, deitada nas águas sugando os seios das ondas do mar.
De mim
parte NEGRITUDE
um golpe mortal
negrura rasgando o ventre da noite
punhal golpeando o colo do dia
um punho mais forte que as fendas de aço
das portas trancadas
da casa da história.


COMENTÁRIO: O poeta , ele recorre a um resgate historico do tempo da escravidao , relembra a cultura da cana-de-açucar e os crueiscastigos fisicos que os negros eram obrigados a sofrer . Mais a memoria desses tempos faz do negro um ser de resistenci disposto a lutar
 
 
 
Historia de cadernos negros:
Em 1978 surgiu o primeiro volume de CADERNOS NEGROS , contendo 8 poetas que dividiam os custos do livro publicado em formato de bolso com 52 paginas. A publicação , vendida principalmente em um grande lançamento circulou posteriormente de mao em mao , sendo distribuida para poucas livrarias , mas obteve um bom retorno dos que tiveram acesso a ela .
Desde então e sem ser interonpido foram lançados outros volumes , um volume por ano . Os cadernos tem sido um importante veiculo para chama atençao para a literatura negra , reflete a luta de escritores afro-brasileiro .Os poemas tem raizes oncestrais e tem uma reflexao poetica sobre avida e a cultura dos afro-brasileiro , mostra a historia não oficial . Exemplo coomo a violencia urbana , luta das classesexcluidas e preconceito racial , sao mostrados em cada pagina dos poemas .
Ahistoria reflete varias pessoas negras com influencias marcaram em parte a criaçao . Exemplo : Ruy Barbosa , Zumbi dos Palmares , Luiz Gama (escritor , jornalista e advogado que libertou mais d mil cidadoes negros , ainda ilegalmente escravizados) entre outros .

TEIMOSA PRESENÇA


TEIMOSA PRESENÇA

Eu continuo acreditando na luta
Não abro mão do meu falar onde quero
Não me calo ao insulto de ninguém
 Eu sou um ser, uma pessoa como todos
Não sou um bicho, um caso raro
 ou coisa estranha
Sou a resposta, a controvérsia, a dedução
A porta aberta onde entram discussões
Sou a serpente venenosa: bote pronto
 Eu sou a luta, sou a fala, o bate-pronto
Eu sou o chute na canela do safado
Eu sou um negro pelas ruas do país.
                  
                                                                       por Lepê Correia (Severino Ramos Correia)




Dentre vários poemas, um bem pequeno chama minha atenção: “Teimosa Presença”.
O que sinto ao lê-lo? Sinto uma grande força de vontade, garra... Me senti animado e motivado por essa garra que o poema me transmite.
E que força de vontade é essa? É a de mais um ser humano, que não baixa a cabeça devido a palavras ditas e não ditas por outros; alguém que continua lutando por seus ideais, por seus direitos, por igualdade, por justiça, por respeito, para continuar vivendo de cabeça erguida.
Tenho profundo desejo de que poemas como esse continuem a ser divulgados, para que as pessoas não se esqueçam que o racismo e a desigualdade ainda não acabou e que a luta do negro no Brasil continua.


                                                                                Albert Gonçalves.

Mandela

MANDELA
Nenhum cárcere pode prender, entre paredes de pedra e musgo, a música das passeatas, a voz rebelde dos jovens, o beijo de amor das mulheres no rosto negro dos homens, a aurora do novo mundo nos bairros de lata e pólvora.
II
Não, nenhum cárcere tira dos homens os sonhos de liberdade. Os sonhos desafiam as armas, o fogo não os dilacera, os homens vertem o sangue mas seguem a luta cantando.
III
Ah, senhores, que túmulo de merda será o vosso, que vermes vos roerão na morte amarga e sonora, que al­vos dragões defecarão em vossa carne. Nenhuma es­tupidez escraviza o negro ao branco e permanece impune.
IV
Qual cárcere pode prender o etéreo aroma da flor, o
horrível rugido da fera, um róseo brilho de fogo, o cari­nho de uma criança nas mãos rugosas de um velho?
Pisa, Sul da África, a nívea pele dos oceanos de bran­cura, invade as ricas cidades, derruba os prédios mal­ditos, a música da vitória acorda todos os povos, se­guiremos teu exemplo de luta e dignidade.
VI
Não, nenhum cárcere detém o crepúsculo ou impede a marcha sangrenta das horas.

Esse poema se refere a Nelson Mandela que lutou a favor da liberdade da Africa do Sul ( famoso apartheid ). Queria uma Africa do Sul livre das mãos dos brancos e foi tido pelo governo como terrorista e passou quase 27 anos preso.
O poema como um todo retrata que ninguém e nem a prisão vai tirar  o sonho de liberdade que não é só de uma pessoa mais de todo o povo sul africano , que cansou de ser dominado pelos brancos  , ninguém tira suas vontades se for pra ter guerra e sofrimento eles estarão unidos  para as suas convicções de uma pátria melhor.
Em um trecho fica bem claro a explicação a cima :

“... Não,nenhum cárcere tira dos homens os sonhos de liberdade.Os sonhos desafiam as armas,o fogo não os dilacera,os homens vertem os sangue mais seguem a luta cantando ...”

Raça e Classe .

 Raça e Classe:
  
 Nossa pele teve maldição de raça
 e exploração de classe
duas faces da mesma diáspora e desgraça
Nossa dor fez pacto antigo com todas as estradas do
mundo e cobre o corpo fechado e sem medo do sol
Nossa raça traz o selo dos sóis e luas dos séculos
a pele é mapa de pesadelos oceânicos
e orgulhosa moldura de cicatrizes quilombolas.

Quando o eu - lirico fala "Nossa pele teve maldição de raça e exploração de classe" ele se refere a escravidão dos negros , há uma época em que os negros sofriam nas mãos de seus senhores e da perseguição dos capitães do mato. Uma época que nem as mulheres e crianças tinham piedade , trabalhava de sol a sol só aumentando a riqueza e o poder do seu senhor . Citação que continua  nos versos seguintes :

“... Nossa dor fez pacto antigo com todas as estradas do
mundo e cobre o corpo fechado e sem medo do sol
Nossa raça traz o selo dos sóis e luas dos séculos
a pele é mapa de pesadelos oceânicos...”

No verso seguinte :

“...  e orgulhosa moldura de cicatrizes quilombolas.”

Mesmo com todo o sofrimento provocado pela escravidão , o negro não se abate e segue firme com sua raça e sua classe .
 
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